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SONETO XXXI – Reis Quita Agosto 25, 2008

Filed under: poesia,Reis Quita,Unicepe — looking4good @ 11:25 pm


Quando em meu desvelado pensamento
O teu formoso gesto se afigura,
Não sei que afecto sinto, ou que ternura,
Que a toda esta alma dá contentamento.

Ali fico num largo esquecimento,
Contemplando na minha conjectura
De teu sereno rosto a graça pura,
De teus olhos o doce movimento.

Porém logo a inconstante fantasia
Me acorda o entendimento arrebatado,
E desfaz todo o bem que me fingia,

Sendo tal este gosto imaginado,
Que de Amor outra glória eu não queria
Mais que trazer-te sempre em meu cuidado.

Domingos dos REIS QUITA nasceu em Lisboa a 6 de Janeiro de 1728 e aí morreu, tuberculoso, a 26 de Agosto de 1770. Embora exercesse a humilde profissão de cabeleireiro e barbeiro, adquiriu, como autodidacta, uma cultura que lhe permitiu ser um dos mais destacados membros da Arcádia Lusitana, com o nome de Alcyno Mycénio. Foi autor de várias tragédias, mas é sobretudo notável como poeta bucólico.

Nota biobliográfica extraída de «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
 

SONETO XXXI – Reis Quita

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Quando em meu desvelado pensamento
O teu formoso gesto se afigura,
Não sei que afecto sinto, ou que ternura,
Que a toda esta alma dá contentamento.

Ali fico num largo esquecimento,
Contemplando na minha conjectura
De teu sereno rosto a graça pura,
De teus olhos o doce movimento.

Porém logo a inconstante fantasia
Me acorda o entendimento arrebatado,
E desfaz todo o bem que me fingia,

Sendo tal este gosto imaginado,
Que de Amor outra glória eu não queria
Mais que trazer-te sempre em meu cuidado.

Domingos dos REIS QUITA nasceu em Lisboa a 6 de Janeiro de 1728 e aí morreu, tuberculoso, a 26 de Agosto de 1770. Embora exercesse a humilde profissão de cabeleireiro e barbeiro, adquiriu, como autodidacta, uma cultura que lhe permitiu ser um dos mais destacados membros da Arcádia Lusitana, com o nome de Alcyno Mycénio. Foi autor de várias tragédias, mas é sobretudo notável como poeta bucólico.

Nota biobliográfica extraída de «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
 

Pelo campo cantando … – Reis Quita Janeiro 6, 2008

Filed under: poesia,Reis Quita — looking4good @ 2:50 am
Farmer plowing daqui

Pelo campo cantando vai contente
o lavrador seguindo o seu arado;
e canta na prisão o desgraçado
ao triste som duma áspera corrente.

Aquele canta alegre e docemente,
nas suaves pensões de seu estado;
este, só por vingar-se de seu fado,
com o canto disfarça o mal que sente.

Eu também já em doces alegrias,
qual lavrador, cantei nesta espessura,
sem conhecer do fado as tiranias;

porém, hoje, de Amor na prisão dura,
com o canto disfarço as agonias,
por vingar-me de minha desventura.

Domingos dos REIS QUITA (n. em Lisboa a 6 de Janeiro de 1728; m. em Lisboa, a 26 de Agosto de 1770)

in «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004

 

Pelo campo cantando … – Reis Quita

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Farmer plowing daqui

Pelo campo cantando vai contente
o lavrador seguindo o seu arado;
e canta na prisão o desgraçado
ao triste som duma áspera corrente.

Aquele canta alegre e docemente,
nas suaves pensões de seu estado;
este, só por vingar-se de seu fado,
com o canto disfarça o mal que sente.

Eu também já em doces alegrias,
qual lavrador, cantei nesta espessura,
sem conhecer do fado as tiranias;

porém, hoje, de Amor na prisão dura,
com o canto disfarço as agonias,
por vingar-me de minha desventura.

Domingos dos REIS QUITA (n. em Lisboa a 6 de Janeiro de 1728; m. em Lisboa, a 26 de Agosto de 1770)

in «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004

 

Pelo campo cantando … – Reis Quita

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Farmer plowing daqui

Pelo campo cantando vai contente
o lavrador seguindo o seu arado;
e canta na prisão o desgraçado
ao triste som duma áspera corrente.

Aquele canta alegre e docemente,
nas suaves pensões de seu estado;
este, só por vingar-se de seu fado,
com o canto disfarça o mal que sente.

Eu também já em doces alegrias,
qual lavrador, cantei nesta espessura,
sem conhecer do fado as tiranias;

porém, hoje, de Amor na prisão dura,
com o canto disfarço as agonias,
por vingar-me de minha desventura.

Domingos dos REIS QUITA (n. em Lisboa a 6 de Janeiro de 1728; m. em Lisboa, a 26 de Agosto de 1770)

in «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004

 

Pelo campo cantando … – Reis Quita

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Pelo campo cantando vai contente
o lavrador seguindo o seu arado;
e canta na prisão o desgraçado
ao triste som duma áspera corrente.

Aquele canta alegre e docemente,
nas suaves pensões de seu estado;
este, só por vingar-se de seu fado,
com o canto disfarça o mal que sente.

Eu também já em doces alegrias,
qual lavrador, cantei nesta espessura,
sem conhecer do fado as tiranias;

porém, hoje, de Amor na prisão dura,
com o canto disfarço as agonias,
por vingar-me de minha desventura.

Domingos dos REIS QUITA (n. em Lisboa a 6 de Janeiro de 1728; m. em Lisboa, a 26 de Agosto de 1770)

in «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004