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Interrogação – Camilo Pessanha (que faleceu faz hoje 83 anos) Março 1, 2009

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 2:06 am

imagem daqui

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno…
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo…
Eu não sei que mudança a minha alma pressente…
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

CAMILO de Almeida PESSANHA nasceu em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e morreu, tuberculoso, em Macau (China) a 1 de Março de 1926. Filho natural de um estudante de Direito e de uma tricana, andou na infância pelos Açores, Mogadouro e Lamego. Cursou Direito na universidade da sua terra natal (1883/91) e começou por exercer advocacia em Trás-os-Montes. Em seguida, abalou para Macau, onde acamaradou, durante três anos, com o escritor Wenceslau de Morais e teve, em 1896, um filho, João Manuel, duma companheira chinesa, falecido, poucos anos depois, do mesmo mal que havia de vitimar o pai. Foi professor de filosofia no liceu de Macau (1894), conservador do registo predial (1900) e juiz (1904). Entretanto, fazia várias visitas à metrópole: a primeira em 1896/97, a segunda em 1899/1900, a terceira de Agosto de 1905 a Janeiro de 1909 e a última de Setembro de 1915 a Março de 1916. Em 1911, foi exonerado do cargo de conservador e voltou a consagrar-se ao magistério liceal. Viciado em absinto e ópio, publicou os seus poemas com o título «Clepsydra» em 1920. A sua poesia é, ao mesmo tempo, plástica e musical, fazendo do seu autor o maior poeta simbolista português. Algumas características: abulia e ataraxia, cepticismo e pessimismo, inspiração lancinante e volúpia erótico-necrófila, nirvana e panteísmo difuso…

O soneto transcrevê-mo-lo de «Os Dias do Amor, Um poema para cada dia do ano», Recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho, Ministério dos Livros. A nota biobliográfica foi extraída de «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto 2004.

Ler neste blog, do mesmo autor:
Desce em Folhedos Tenros a Colina
Estátua
Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Caminho
Ao longe os barcos de flores
Queda

 

Interrogação – Camilo Pessanha (que faleceu faz hoje 83 anos)

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 2:06 am

imagem daqui

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno…
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo…
Eu não sei que mudança a minha alma pressente…
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

CAMILO de Almeida PESSANHA nasceu em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e morreu, tuberculoso, em Macau (China) a 1 de Março de 1926. Filho natural de um estudante de Direito e de uma tricana, andou na infância pelos Açores, Mogadouro e Lamego. Cursou Direito na universidade da sua terra natal (1883/91) e começou por exercer advocacia em Trás-os-Montes. Em seguida, abalou para Macau, onde acamaradou, durante três anos, com o escritor Wenceslau de Morais e teve, em 1896, um filho, João Manuel, duma companheira chinesa, falecido, poucos anos depois, do mesmo mal que havia de vitimar o pai. Foi professor de filosofia no liceu de Macau (1894), conservador do registo predial (1900) e juiz (1904). Entretanto, fazia várias visitas à metrópole: a primeira em 1896/97, a segunda em 1899/1900, a terceira de Agosto de 1905 a Janeiro de 1909 e a última de Setembro de 1915 a Março de 1916. Em 1911, foi exonerado do cargo de conservador e voltou a consagrar-se ao magistério liceal. Viciado em absinto e ópio, publicou os seus poemas com o título «Clepsydra» em 1920. A sua poesia é, ao mesmo tempo, plástica e musical, fazendo do seu autor o maior poeta simbolista português. Algumas características: abulia e ataraxia, cepticismo e pessimismo, inspiração lancinante e volúpia erótico-necrófila, nirvana e panteísmo difuso…

O soneto transcrevê-mo-lo de «Os Dias do Amor, Um poema para cada dia do ano», Recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho, Ministério dos Livros. A nota biobliográfica foi extraída de «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto 2004.

Ler neste blog, do mesmo autor:
Desce em Folhedos Tenros a Colina
Estátua
Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Caminho
Ao longe os barcos de flores
Queda

 

Desce em folhedos tenros a colina… – Camilo Pessanha Setembro 7, 2008

Filed under: Camilo Pessanha,poesia,Unicepe — looking4good @ 1:03 am
foto daqui

Desce em folhedos tenros a colina:
– em glaucos, frouxos tons adormecidos,
que saram, frescos, meus olhos ardidos,
nos quais a chama do furor declina…

Oh vem, de branco – do imo da folhagem!
Os ramos, leve, a tua mão aparte.
Oh vem! Meus olhos querem desposar-te,
reflectir-te virgem a serena imagem.

De silva doida uma haste esquiva
quão delicada te osculou num dedo
com um aljôfar cor de rosa viva!…

Ligeira a saia… Doce brisa impele-a.
Oh vem! De branco! Do imo do arvoredo!
Alma de silfo, carne de camélia…

CAMILO de Almeida PESSANHA nasceu em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e morreu, tuberculoso, em Macau (China) a 1 de Março de 1926. Filho natural de um estudante de Direito e de uma tricana, andou na infância pelos Açores, Mogadouro e Lamego. Cursou Direito na universidade da sua terra natal (1883/91) e começou por exercer advocacia em Trás-os-Montes. Em seguida, abalou para Macau, onde acamaradou, durante três anos, com o escritor Wenceslau de Morais e teve, em 1896, um filho, João Manuel, duma companheira chinesa, falecido, poucos anos depois, do mesmo mal que havia de vitimar o pai. Foi professor de filosofia no liceu de Macau (1894), conservador do registo predial (1900) e juiz (1904). Entretanto, fazia várias visitas à metrópole: a primeira em 1896/97, a segunda em 1899/1900, a terceira de Agosto de 1905 a Janeiro de 1909 e a última de Setembro de 1915 a Março de 1916. Em 1911, foi exonerado do cargo de conservador e voltou a consagrar-se ao magistério liceal. Viciado em absinto e ópio, publicou os seus poemas com o título «Clepsydra» em 1920. A sua poesia é, ao mesmo tempo, plástica e musical, fazendo do seu autor o maior poeta simbolista português. Algumas características: abulia e ataraxia, cepticismo e pessimismo, inspiração lancinante e volúpia erótico-necrófila, nirvana e panteísmo difuso…

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Ler neste blog, do mesmo autor, Caminho Pessanha, os seguintes poemas:
Estátua

Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação
Caminho
Ao longe os barcos de flores
Queda

 

Desce em folhedos tenros a colina… – Camilo Pessanha

Filed under: Camilo Pessanha,poesia,Unicepe — looking4good @ 1:03 am
foto daqui

Desce em folhedos tenros a colina:
– em glaucos, frouxos tons adormecidos,
que saram, frescos, meus olhos ardidos,
nos quais a chama do furor declina…

Oh vem, de branco – do imo da folhagem!
Os ramos, leve, a tua mão aparte.
Oh vem! Meus olhos querem desposar-te,
reflectir-te virgem a serena imagem.

De silva doida uma haste esquiva
quão delicada te osculou num dedo
com um aljôfar cor de rosa viva!…

Ligeira a saia… Doce brisa impele-a.
Oh vem! De branco! Do imo do arvoredo!
Alma de silfo, carne de camélia…

CAMILO de Almeida PESSANHA nasceu em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e morreu, tuberculoso, em Macau (China) a 1 de Março de 1926. Filho natural de um estudante de Direito e de uma tricana, andou na infância pelos Açores, Mogadouro e Lamego. Cursou Direito na universidade da sua terra natal (1883/91) e começou por exercer advocacia em Trás-os-Montes. Em seguida, abalou para Macau, onde acamaradou, durante três anos, com o escritor Wenceslau de Morais e teve, em 1896, um filho, João Manuel, duma companheira chinesa, falecido, poucos anos depois, do mesmo mal que havia de vitimar o pai. Foi professor de filosofia no liceu de Macau (1894), conservador do registo predial (1900) e juiz (1904). Entretanto, fazia várias visitas à metrópole: a primeira em 1896/97, a segunda em 1899/1900, a terceira de Agosto de 1905 a Janeiro de 1909 e a última de Setembro de 1915 a Março de 1916. Em 1911, foi exonerado do cargo de conservador e voltou a consagrar-se ao magistério liceal. Viciado em absinto e ópio, publicou os seus poemas com o título «Clepsydra» em 1920. A sua poesia é, ao mesmo tempo, plástica e musical, fazendo do seu autor o maior poeta simbolista português. Algumas características: abulia e ataraxia, cepticismo e pessimismo, inspiração lancinante e volúpia erótico-necrófila, nirvana e panteísmo difuso…

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Ler neste blog, do mesmo autor, Caminho Pessanha, os seguintes poemas:
Estátua

Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação
Caminho
Ao longe os barcos de flores
Queda

 

Queda – Camilo Pessanha (que morreu faz hoje 82 anos) Março 1, 2008

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 4:11 am


(A João P. Vasco)

O meu coração desce,
Um balão apagado.

Melhor fora que ardesse
Nas trevas incendiado.

Na bruma fastidienta…
Como á cova um caixão.

Porque antes não rebenta
Rubro, n’uma explosão?

Que apego inda o sustem?
Atono, miserando.

Que o esmagasse o trem
De um comboio arquejando.

O inane, vil despojo.
Ó alma egoísta e fraca…

Trouxesse-o o mar de rojo.
Levasse-o na ressaca.

Camilo Almeida Pessanha (n. Coimbra, 7 de Set. de 1867 — m. em Macau, 1º de Março de 1926)

Ler neste blog, do mesmo autor, Caminho Pessanha, os seguintes poemas:
Estátua
Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação
Caminho
Ao longe os barcos de flores

 

Estátua – Camilo Pessanha Setembro 7, 2007

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 2:17 am

Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, – frio escalpelo,
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.

Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre mármore correcto
Desse entreaberto lábio gelado:

Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.

Camilo de Almeida Pessanha (n. 7 de Set 1867 na cidade de Coimbra; m. em Nacau a 1 Mar 1926)

 

Caminho – I – Camilo Pessanha Março 1, 2007

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 7:36 pm

No aniversário da morte do poeta, recordamos aqui mais um poema:

Tenho sonhos cruéis; n’alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente…

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!…

Porque a dor, esta falta d’harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d’agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.

Camilo Pessanha (n. Coimbra 7 Set 1867; m. Macau 1 Mar 1926)

Floriram por engano as rosas bravas
Quem poluiu quem rasgou os meus lençóis de linho…
Ao longe os meus barcos de flores
Interrogação

 

Foi um dia de inúteis agonias – Camilo Pessanha Setembro 7, 2006

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 4:55 pm

Foi um dia de inúteis agonias,
– Dia de sol, inundado de sol.
Fulgiam, nuas, as espadas frias.
– Dia de sol, inundado de sol.

Foi um dia de falsas alegrias.
– Dália a esfolhar-se, o seu mole sorriso.
Voltavam os ranchos das romarias.
– Dália a esfolhar-se, o seu mole sorriso.

Dia impressível, mais que os outros dias.
Tão lúcido, tão pálido, tão lúcido!
Difuso de teoremas, de teorias…

O dia fútil, mais que os outros dias!
Minuete de discretas ironias…
Tão lúcido, tão pálido, tão lúcido!

Camilo Pessanha (n. Coimbra 7 Set 1867; m. Macau 1 Mar 1926)

in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, de Eugénio de Andrade, Edição Campo das Letras

Ler neste blog, do mesmo autor, Caminho Pessanha, os seguintes poemas:
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação
Ao longe os barcos de flores

 

Ao longe os barcos de flores – Camilo Pessanha Março 1, 2006

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 1:43 pm

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil na escuridão tranquila.
-Perdida voz que de entre as mais se exila
-Festões de som dissimulando a hora

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora…
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta fébil… Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora…

in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, de Eugénio de Andrade,
Campo das Letras

Camilo Pessanha (n. Coimbra 7 Set 1867; m. Macau 1 Mar 1926)

Ler do mesmo autor:
Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação

 

Floriram por engano as rosas bravas – Camilo Pessanha Setembro 7, 2005

Filed under: Camilo Pessanha,poesia — looking4good @ 8:04 am

Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las…
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!…
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos…

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze – quanta flor! – do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

Camilo Pessanha (n. Coimbra 7 Set 1867; m. Macau 1 Mar 1926)