Ouço-lhe o surdo passo e lhe pressinto o vulto
Na meia sombra ambiente. Invisível se esgueira
De manso, a foice às mãos, calada, sorrateira,
E já pronta a oficiar na lágrima o seu culto…
Nunca avisa a quem busca e chega sem tumulto,
E passeia indecisa e incerta, a casa inteira,
Parando em cada quarto, a espreitar, agoireira…
É cedo! Exclama. E ri com o seu riso oculto…
E vai-se… E torna a vir… Parte outra vez… Regressa…
Espera um pouco e volta… E repete, freqüente,
Mas sempre silenciosa, a obrigação sem pressa…
Ninguém suspeita nada, ou receia da sorte…
Desfila e corre o tempo indiferentemente…
Mas um dia, ai de nós! Entra a visita, é a morte!
José Félix Alves Pacheco (n. em Teresina a 2 Ago. 1879; m. no Rio de Janeiro a 6 Dez. 1935)
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