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ROTAÇÃO – Cassiano Ricardo Janeiro 15, 2009

Filed under: Cassiano Ricardo,poesia — looking4good @ 1:30 am

a esfera
em torno de si mesma
me ensina a espera
a espera me ensina
a esperança
a esperança me ensina
uma nova espera a nova
espera me ensina
de novo a esperança
na esfera

a esfera
em torno de si mesma
me ensina a espera
a espera me ensina
a esperança
a esperança me ensina
uma nova espera a nova
espera me ensina
uma nova esperança
na esfera

a esfera
em torno de si mesma
me ensina a espera
a espera me ensina
a esperança
a esperança me ensina
uma nova espera a nova
espera me ensina
uma nova esperança
na esfera

Cassiano Ricardo Leite (nasceu em São José dos Campos, São Paulo, em 26 de Julho de 1895; faleceu em 14 de Janeiro de 1974).

Do mesmo autor: Desejo; O Sangue das Horas

 

O Sangue das Horas – Cassiano Ricardo Julho 26, 2008

Filed under: Cassiano Ricardo,poesia — looking4good @ 3:01 pm
Lua e Noite foto daqui

Queixei-me de não ter pão
e a noite me disse não.
Mostrei-lhe a varanda nua
e a noite me trouxe a lua…
Você tem sede, não é ?
E a Noite me deu café.

São verdes como a esperança
as horas em que sou triste:
bem que existe não se alcança,
só cansa;
procuro o que não existe.

Se a dúvida me procura,
pondo a cerração do tédio
em minha existência obscura,
bebo esperança, remédio
para as feridas sem cura…

Que dúbio alvor de camélia
anda lá fora a flutuar ?
É noite que, de tão velha,
tão velha,
criou cabelos de luar…

A insônia do meu relógio
durante a noite passada
crivou-me o corpo, já enfermo,
de punhaladas sonoras…
Meus olhos são duas feridas
por onde escorre o sangue das horas.

Entre o passado e o porvir
aqueles peixes prata
não me deixaram dormir.
Tomei café sem parar.
Bebi treva em goles mudos…
Criei cabelo de luar.

in Poesia Brasileira do Século XX, Dos Modernistas à Actualidade, Dircção, Introdução e Notas de Jorge Henrique Bastos, Edições Antígona

Cassiano Ricardo Leite (n. em São José dos Campos (SP) a 26 de Jul de 1895; m. em 14 de Jan 1974 no Rio de Janeiro)

Do mesmo autor ler Desejo
 

O Sangue das Horas – Cassiano Ricardo

Filed under: Cassiano Ricardo,poesia — looking4good @ 3:01 pm
Lua e Noite foto daqui

Queixei-me de não ter pão
e a noite me disse não.
Mostrei-lhe a varanda nua
e a noite me trouxe a lua…
Você tem sede, não é ?
E a Noite me deu café.

São verdes como a esperança
as horas em que sou triste:
bem que existe não se alcança,
só cansa;
procuro o que não existe.

Se a dúvida me procura,
pondo a cerração do tédio
em minha existência obscura,
bebo esperança, remédio
para as feridas sem cura…

Que dúbio alvor de camélia
anda lá fora a flutuar ?
É noite que, de tão velha,
tão velha,
criou cabelos de luar…

A insônia do meu relógio
durante a noite passada
crivou-me o corpo, já enfermo,
de punhaladas sonoras…
Meus olhos são duas feridas
por onde escorre o sangue das horas.

Entre o passado e o porvir
aqueles peixes prata
não me deixaram dormir.
Tomei café sem parar.
Bebi treva em goles mudos…
Criei cabelo de luar.

in Poesia Brasileira do Século XX, Dos Modernistas à Actualidade, Dircção, Introdução e Notas de Jorge Henrique Bastos, Edições Antígona

Cassiano Ricardo Leite (n. em São José dos Campos (SP) a 26 de Jul de 1895; m. em 14 de Jan 1974 no Rio de Janeiro)

Do mesmo autor ler Desejo
 

Desejo – Cassiano Ricardo Julho 26, 2007

Filed under: Cassiano Ricardo,poesia — looking4good @ 3:23 pm
foto: Estrelas

As coisas que não conseguem morrer
Só por isso são chamadas eternas.
As estrelas, dolorosas lanternas
Que não sabem o que é deixar de ser.

Ó força incognoscível que governas
O meu querer, como o meu não-querer.
Quisera estar entre as simples luzernas
Que morrem no primeiro entardecer.

Ser deus — e não as coisas mais ditosas
Quanto mais breves, como são as rosas
É não sonhar, é nada mais obter.

Ó alegria dourada de o não ser
Entre as coisas que são, e as nebulosas,
Que não conseguiu dormir nem morrer.

Cassiano Ricardo Leite (n. em São José dos Campos (SP) a 26 de Jul de 1895; m. em 14 de Jan 1974 no Rio de Janeiro)

 

Desejo – Cassiano Ricardo

Filed under: Cassiano Ricardo,poesia — looking4good @ 3:23 pm
foto: Estrelas

As coisas que não conseguem morrer
Só por isso são chamadas eternas.
As estrelas, dolorosas lanternas
Que não sabem o que é deixar de ser.

Ó força incognoscível que governas
O meu querer, como o meu não-querer.
Quisera estar entre as simples luzernas
Que morrem no primeiro entardecer.

Ser deus — e não as coisas mais ditosas
Quanto mais breves, como são as rosas
É não sonhar, é nada mais obter.

Ó alegria dourada de o não ser
Entre as coisas que são, e as nebulosas,
Que não conseguiu dormir nem morrer.

Cassiano Ricardo Leite (n. em São José dos Campos (SP) a 26 de Jul de 1895; m. em 14 de Jan 1974 no Rio de Janeiro)

 

Desejo – Cassiano Ricardo

Filed under: Cassiano Ricardo,poesia — looking4good @ 3:23 pm
foto: Estrelas

As coisas que não conseguem morrer
Só por isso são chamadas eternas.
As estrelas, dolorosas lanternas
Que não sabem o que é deixar de ser.

Ó força incognoscível que governas
O meu querer, como o meu não-querer.
Quisera estar entre as simples luzernas
Que morrem no primeiro entardecer.

Ser deus — e não as coisas mais ditosas
Quanto mais breves, como são as rosas
É não sonhar, é nada mais obter.

Ó alegria dourada de o não ser
Entre as coisas que são, e as nebulosas,
Que não conseguiu dormir nem morrer.

Cassiano Ricardo Leite (n. em São José dos Campos (SP) a 26 de Jul de 1895; m. em 14 de Jan 1974 no Rio de Janeiro)