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Naufrágio – Branquinho da Fonseca Maio 4, 2008

Filed under: Branquinho da Fonseca,poesia — looking4good @ 12:21 am

A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.

Já não passava ninguém…
Era um mundo abandonado…
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado…

Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo…
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo…

Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia… E chegava ao porto
Com a aragem da janela.

António Branquinho da Fonseca (n. em Mortágua a 4 Maio 1905; m. em 16 de Maio de 1974, em Lisboa)