Adoro esta mulher moça e formosa,
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída…
– Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas distraída.
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída…
– Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas distraída.
Tambem adoro a brisa do Levante
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental…
– Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel no lago de cristal.
E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa de um nome idolatrado
Que essa jovem mulher n’ela escreveu
Com a doirada agulha do bordado…
E esse nome… era o meu !
in Poesias Completas – António Feijó, Prefácio de J. Candido Martins, Edições Caixotim
António Joaquim de Castro Feijó nasceu em Ponte de Lima (Minho) a 1 de Junho de 1859 e faleceu em Upsala (Suécia) a 20 de Junho de 1917.